Camisa de Roberto Carlos e Eto´o no "museu" de
Localizado em frente a um posto de gasolina na estrada que liga o aeroporto ao centro de Makhachkala, o Hotel Petrovsk é a única opção de quem procura via internet um lugar para se hospedar na capital do Daguestão. Um hotel que reserva algumas surpresas. O banheiro do quarto pode não ter pia ou o interruptor de luz pode estar em “algum lugar atrás do guarda-roupa”, como a recepcionista explica com naturalidade. Mas a principal delas está escondida na sala de reuniões. A maior coleção de camisas de futebol autografadas da cidade.
– São todas de jogadores que já se hospedaram em nosso hotel. Aqui ficam os times que vêm a Makhachkala enfrentar o Anzhi – disse, orgulhoso, o gerente do hotel, Nurullar Kurbanov.
Lá estão as camisas de Vágner Love do CSKA e Andrei Arshavin, no tempo em que o russo do Arsenal atuava pelo Zenit de São Petersburgo. Apesar de Roberto Carlos e Samuel Eto'o nunca terem pisado no hotel, a coleção também conta com camisas autografadas de ambos, pois Nurullar é torcedor fanático do Anzhi. Mas o uniforme preferido dele não pertence a um jogador de futebol, e, sim, a um ex-jogador de futsal.
– Essa é a camisa do Choco, minha favorita. Uma ótima pessoa e um grande jogador – afirmou o gerente, mostrando o uniforme azul do Norilsky Nickel, da liga russa de futsal, com a assinatura do ex-pivô da seleção brasileira.
Camisa de Choco, à direita, com direito a autógrafo (Foto: Rafael Maranhão/Globoesporte.com)
A última camisa a se juntar ao acervo do Hotel Petrovsk foi exatamente a do jogador mais popular de Makhachkala. Nurullar Kurbanov levou até a rodada final da primeira fase do Campeonato Russo, em novembro, para conseguir o uniforme de Roberto Carlos
Kurbanov mostra camisa autografada de Love
– A camisa dele já estava prometida há muito tempo, mas era tão concorrida que eu nunca tinha conseguido. Aí, era preciso esperar pelo menos duas semanas até que o Anzhi voltasse à cidade outra vez. Dessa vez, ela não escapou – explicou.
"Museu" para hóspedes
Apenas hóspedes têm acesso ao acervo, que conta também com bolas, flâmulas, bandeiras, livros e fotos. A sala de reuniões possui ainda um telão com projetor e um quadro com botões magnéticos, para serem usados pelos treinadores dos times alojados no hotel. O Petrovsk ocupa os três últimos dos quatro andares de um prédio bem simples, com entrada por uma escadaria estreita pela porta dos fundos.
Além de pouco desenvolvida, a rede hoteleira de Makhachkala também leva má fama. Em 2001, quando o Anzhi se classificou pela primeira e única vez para a Copa da Uefa (atual Liga Europa), o adversário, Glasgow Rangers, mandou um funcionário à capital do Daguestão para cuidar da logística da viagem. O escocês voltou para casa preocupado. ”Os jogadores terão que levar roupa de cama, toalha e até papel higiênico, porque no hotel falta tudo”, escreveu. Por fim, alegando motivos de segurança por causa da guerra na vizinha Chechênia, a Uefa marcou a partida em campo neutro, na Polônia.
O Anzhi atual, porém, é bem diferente daquele. Apoiado por um dono bilionário, o clube planeja voltar a uma copa europeia em 2012 e, dessa vez, jogar diante de sua torcida em Makachkala. O governo local fala em investimentos pesados para modernizar a cidade, incluíndo um resort à beira do Mar Cáspio. Mas Nurullar garante não estar preocupado com a concorrência e já planeja aumentar sua coleção de camisas com os futuros hóspedes.
– Já abriram novos hotéis e dizem que outros serão construídos, mas isso não é problema. Os clubes sabem que podemos oferecer o que mais ninguém pode – garante, sem modéstia.
Modesta entrada do hotel Petrovsk (Foto: Rafael Maranhão/Globoesporte.com)
Nenhum comentário:
Postar um comentário