Retrospectiva 2011: Barradão é palco de decepções para o Vitória

Barradão foi palco das maiores decepções do ano
rubro-negro (Foto: Bruno Wendel/Globoesporte.com)

O estádio Manoel Barradas, o Barradão, sempre foi motivo de orgulho para o torcedor do Vitória. Foi na arena que o time conseguiu a supremacia do futebol estadual na última década, mas em 2011 o estádio viveu sua pior fase. Foi no Barradão que o Rubro-Negro perdeu o título do Campeonato Baiano, foi eliminado na primeira fase da Copa do Brasil e deixou escapar o acesso para a Primeira Divisão, depois de ser derrotado pelo São Caetano. Em todas as competições, a torcida viu o Barradão, seu antigo alçapão, perder força, e terminou a temporada com o gosto amargo do sofrimento.
O ano teve início com a promessa de que a diretoria não pouparia esforços para manter a hegemonia no Baiano e colocar o clube de volta na elite do futebol nacional. A confiança era tanta que o vice-presidente, Carlos Falcão, não perdeu tempo para provocar o rival Bahia:
- Vamos subir de avião, porque de elevador demora sete anos – disse diversas vezes em resposta às provocações da torcida do Bahia, que festejou o acesso do Tricolor e a queda do Vitória, em 2010, com os gritos de "Uh elevador, uh elevador, desce Rubro-Negro e sobe Tricolor".
Mas as palavras e promessas não foram realizadas dentro de campo. Com quatro treinadores ao longo da temporada (Antônio Lopes, Ricardo Silva, Geninho e Vagner Benazzi), o time disputou 62 jogos e teve 32 triunfos, 14 empates e 16 derrotas. O aproveitamento de 59,1% não é tão ruim, mas vai ficar marcado em um dos piores anos da história do clube.
Começo arrasador
Apesar da queda para a Segunda Divisão, o Vitória iniciou o ano com a moral de ser o tetracampeão baiano e na luta por uma inédita quinta conquista consecutiva. Com jogadores como Geovanni, Elkeson e Nikão em boa fase, a campanha do Rubro-Negro indicava mais um título estadual sem dificuldades. Até as semifinais do estadual, o Vitória havia perdido apenas um jogo no Barradão: na estreia na competição, o Colo Colo conseguiu os três pontos em cima do Leão, com um gol de Alex.
A partir daí, o Rubro-Negro conseguiu chegar à fase decisiva com sete triunfos e um empate em casa. No geral, a campanha inspirava confiança: 13 vitórias, três empates e duas derrotas. Nas semifinais, um triunfo sobre o Bahia em Pituaçu e a segunda derrota no Barradão. Mas, pela melhor campanha durante o estadual, a vaga na decisão estava garantida diante do Bahia de Feira.
Penta escapa mais uma vez
Apesar da confiança, o torcedor do Vitória não conseguia esconder a lembrança da última vez em que o time decidiu um estadual com uma equipe do interior. Em 2006, quando também lutava pelo pentacampeonato, o Rubro-Negro viu o Colo Colo fazer a festa em pleno Barradão.
Cinco anos depois, a cena se repetiu. Depois de empatar a primeira partida, por 2 a 2, o Vitória abriu o placar logo aos 15 minutos com gol de Geovanni. No entanto, o que seria festa se transformou em tragédia. Alysson e João Neto viraram a partida para o Bahia de Feira, que deu a volta olímpica no gramado do Barradão e adiou o sonho da conquista do primeiro pentacampeonato da história do clube.

No Barradão, Vitória não conseguiu superar o Bahia de Feira no Campeonato Baiano (Foto: Agência Estado)

A derrota na final do Campeonato Baiano não foi a única decepção assistida de perto pelo torcedor. Meses antes, na primeira fase da Copa do Brasil, o Vitória não conseguiu balançar as redes do Botafogo-PB. Depois de perder por 3 a 1 no primeiro jogo, o time baiano ficou no 0 a 0 na partida de volta e foi eliminado precocemente da competição.
Série B: novos treinadores e mais erros
Com a perda do título estadual, a diretoria do Vitória resolveu agir. O técnico Antônio Lopes foi demitido, e Geninho contratado. Além disso, ao longo do Campeonato Brasileiro, reforços de peso, como Gilberto, chegaram à Toca do Leão.
No entanto, a campanha não foi das melhores. Enquanto o elenco era montado ao longo da competição, a equipe fazia uma Série B instável. Em casa, perdeu pontos para equipes como Guarani, Boa Esporte, Icasa e Grêmio Barueri.
Após um destes tropeços, o atacante Neto Baiano chegou a declarar em uma rádio que o grupo estava dividido. Além disso, a equipe não conseguia emplacar uma sequência de três triunfos consecutivos. A pressão da torcida, que ensaiou alguns protestos no Barradão, cresceu, e Geninho perdeu o cargo.

Benazzi pendura faixa de apoio aos jogadores do
Vitória (Foto: Raphael Carneiro/Globoesporte.com)

Bote fé que o Leão vai subir
Entre a saída de um técnico e a chegada de outro, foi o auxiliar Ricardo Silva quem segurou as pontas na Toca do Leão. Mas só até a chegada de Vagner Benazzi, conhecido por ser o "Rei do acesso", depois de treinar o Bahia durante o Campeonato Baiano .
A contratação do novo treinador foi sucedida por uma faxina no elenco. Jogadores que não eram aproveitados, como Ernani, Pablo Pereira e Vitor Saba, foram afastados. Com o novo técnico e a nova filosofia, o Vitória deu um pulo na tabela de classificação e, apesar da descrença de boa parte da torcida e da imprensa, o Rubro-Negro chegou à reta final da Série B na briga por uma das vagas no G-4 da Série B. Mas a maldição do Barradão voltaria a assombrar os torcedores.
Na penúltima rodada da competição, todos os resultados estavam a favor do time baiano, que vencia o São Caetano por 1 a 0 e se garantia entre os quatro primeiros colocados. Com o triunfo, o Vitória dependeria apenas de si mesmo na última rodada, quando enfrentaria o ASA, para voltar à Primeira Divisão. No entanto, diante de mais de 38 mil torcedores, o Leão vacilou e levou a virada do Azulão nos últimos quatro minutos de jogo. A equipe foi para a última rodada na sexta colocação, dependendo dos resultados de Sport e Bragantino para conseguir o acesso.

Jean abriu o placar contra o São Caetano, mas assistiu à virada no fim da partida (Foto: Angelo Pontes / Ag. Estado)

No último jogo da Série B, o time de Vagner Benazzi até venceu o ASA, no interior de Alagoas, mas foi superado pelo Sport. O time pernambucano também ganhou seu jogo e ficou na quarta colocação, com apenas um ponto a mais que os baianos.
Direção lamenta planejamento
A posição final do Vitória na Segunda Divisão, a quinta colocação, foi a que o clube ocupou por mais vezes durante a competição. Foram oito rodadas na beira de entrar no G-4. As marcas do Vitória durante a Série B foram:
- Máximo de três jogos sem sofrer e sem fazer gols
- Cinco jogos sem perder
- Quatro jogos sem vencer
- Três triunfos consecutivos
- Dois empates consecutivos
- Quatro derrotas seguidas
No fim do ano, depois dos sofrimentos da temporada, a diretoria reconheceu os erros e colocou a culpa no planejamento mal feito em 2011.

Carlos Falcão garante que 2012 será diferente
(Foto: Renan Pinheiro/Arquivo Pessoal)

- O Vitória demorou, sim, a montar uma base para disputar o campeonato. Quero lembrar a vocês que, no início deste ano, tivemos alguns problemas de caixa, que não possibilitaram a antecipação da montagem do elenco – reconheceu o vice-presidente Carlos Falcão.
O dirigente, no entanto, garantiu que a lição foi aprendida e, na próxima temporada, tudo será diferente na Toca do Leão:
- Com o trabalho que fizemos aqui este ano, conseguimos reestruturar o clube financeiramente e não teremos o problema que tivemos. Posso garantir à torcida do Vitória que já estamos montando um novo grupo, com o pensamento na Série B e no acesso - finalizou.
O Vitória começa oficialmente a jornada rumo ao próximo ano no dia 26 de dezembro, quando o elenco se reapresenta na Toca do Leão. No dia 18 de janeiro, o Rubro-Negro fará sua primeira partida oficial de 2012: a equipe enfrenta o Feirense, no estádio Pedro Amorim, pelo Campeonato Baiano.