Entrada do Bonsucesso, no bairro de mesmo nome(Foto: Renata Domingues / GLOBOESPORTE.COM)
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Aos 97 anos, o “vovô” Bonsucesso tem Leônidas da Silva como principal ícone de sua história. Primeiro superastro do futebol brasileiro, o Diamante Negro, no entanto, não deu os primeiros passos no clube onde, apesar da baixa estatura - tinha apenas 1,65m -, também jogou basquete. Vindo do Sírio Libanês, ele chegou à Leopoldina no início dos anos 1930, então com 18 anos, salário de quatrocentos mil réis, dois pares de sapatos e dois ternos. Ficou apenas dois anos por lá. Tempo suficiente para criar o gol de bicicleta - no dia 24 de abril de 1932, na vitória por 5 a 2 sobre o Carioca, no velho campo da Estrada do Norte - e cravar seu nome no coração do clube . E é apostando no surgimento de um craque que tenha ao menos um pouco da genialidade do Homem Borracha que o Bonsucesso espera se reerguer.
Campo
do estádio Leônidas da Silva, batizado em homenagem ao primeiro grande
nome do futebol brasileiro e maior ídolo da história do Bonsucesso
(Foto: Renata Domingues / GLOBOESPORTE.COM)
Leônidas da Silva marcou o primeiro gol de bicicletada história pelo Bonsucesso (Foto: Ag. O Globo)
Atacante como Leônidas, o paulista Kayan é uma das apostas do Bonsucesso. Aos 20 anos, ele conhece o ex-jogador da Seleção Brasileira - que pendurou as chuteiras em 1951 depois de também defender Peñarol-URU, Vasco, Botafogo, Flamengo e São Paulo - apenas de nome. Mas a influência do Diamante Negro no Rubro-Anil é tão grande que mesmo sem nunca tê-lo visto desfilar a “sensualidade do craque típico”, como descreveu Nelson Rodrigues, os meninos da Leopoldina o têm como referência.
- Infelizmente não pude vê-lo jogar, mas escutei diversas histórias do extraordinário jogador que foi o inventor dos gols de bicicleta. Sempre que possível tento executar essa manobra, inclusive fiz um gol desta forma em um dos meus primeiros treinos aqui no Bonsucesso - garantiu.
Com contrato vigente até o fim de 2011, Kayan, que já morou em muitas concentrações, aguarda o chamado para retornar ao “hotel” do Bonsuça. Mas enquanto o futuro próximo não se define, o fã de Ronaldo Fenômeno já sabe exatamente o que quer a longo prazo.
Kayan, de 20 anos, é uma das promessas do Bonsucesso (Foto:Renata Domingues/GLOBOESPORTE.COM)Nos anos 70, outro atacante desponta para o Brasil no Bonsucesso
Além de Leônidas, Barbosa, Manga, Zé Mário e Nelinho, os meninos do Bonsucesso têm outro ex-jogador de ponta para servir de fonte de inspiração. Em 1975, o Diamante Negro, que havia se aventurado como dirigente e comentarista após a aposentadoria, saía de cena devido ao Mal de Alzheimer. Internado em uma clínica para idosos, no interior de São Paulo, ele não viu o então garoto Maurício chegar às divisões de base do clube, com 11 para 12 anos. Também atacante, o jogador, que mais tarde ficaria famoso pelo gol que pôs fim ao jejum de 21 anos sem títulos do Botafogo, em 1989, dividia o tempo entre os estudos e os treinos no clube. Sem dinheiro, inocentemente “pegava” alimentos em um mercado do bairro para saciar a fome.
Autor do gol do título estadual do Botafogo de 1989,Maurício começou na Leopoldina (Foto:Ag. O Globo)
Hoje com 48 anos, Maurício comanda um projeto que ajuda mais de 150 crianças carentes como o menino que deu os primeiros chutes no Bonsucesso. Mesmo de longe, ele segue torcendo pelo clube que o formou.
- Gostaria muito de poder um dia ajudar o Bonsucesso a se reerguer - garantiu.
Sem esquecer o passado, clube toca o projeto “centenário na Primeira Divisão”
Entre os anos 1950 e 1970, o Bonsucesso tentou construir uma trajetória internacional e chegou a ostentar 26 jogos de invencibilidade. O clube suburbano não enfrentou adversários de peso fora do país, mas, ao menos em termos numéricos, foi bem-sucedido, tendo visitado 46 países diferentes e obtido 76 vitórias, 16 empates e 12 derrotas em 104 partidas. Em 1975, participou do Torneio Conde de Fenosa, na cidade espanhola de La Coruña, ao lado de Deportivo La Coruña e River Plate, da Argentina. Foi vice-campeão ao empatar com o anfitrião em número de vitórias, derrotas, saldo de gols e tiros livres na marca do pênalti, mas ficar em desvantagem do confronto direto.
Presidente Zeca Simões investe dinheiro do própriobolso no Bonsucesso (Foto: Site Oficial do Clube)
- É preciso ser idealista mesmo e ter raízes no bairro. A família tem de estar envolvida também. Para conseguir um patrocínio, teríamos que estar na Primeira Divisão. Mas como vamos conseguir isso estando fora desde 1993? Isso vai deteriorando o clube todo. Fica muito difícil, mas é uma questão moral também. Bem ou mal estamos dando emprego para muita gente - afirmou Simões, que é dono de uma rede de farmácias de manipulação e possui estabelecimentos comerciais no bairro onde nasceu e foi criado.
O ano que vem vai ser nosso. Dias melhores virão"
Zeca Simões
- O ano que vem vai ser nosso e aí vai mudar tudo. Dias melhores virão - previu, otimista, o presidente do clube da Leopoldina.
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