O título ficou para trás, e a vaga na Libertadores está sob risco. O
Flamengo não para de tropeçar nas próprias pernas na reta final do
Campeonato Brasileiro. Neste domingo, o time de Vanderlei Luxemburgo
teve apoio quase que total no Serra Dourada, mas repetiu a atuação ruim
da última quinta-feira, contra o Figueirense. Em novo empate sem gols,
desta vez contra o Atlético-GO, gritos de “burro” e “time sem vergonha”
foram ouvidos pelo treinador e pelos jogadores na saída de campo. Com 57
pontos, a equipe continua fora do G-5, em sexto. Pior: a duas rodadas
do fim, parece sem forças para reagir.
Melhor durante quase toda a partida, o Dragão teve as chances mais
claras, mas pecou na hora de decidir. Em casa, foi visitante, mas não se
importou. O técnico Hélio dos Anjos soube proteger bem a defesa sem
deixar de atacar. Com 44 pontos, o clube garante a permanência na
Primeira Divisão. Em 12º, agora vai tentar se manter na zona de
classificação para a Copa Sul-Americana.
Pelas circunstâncias do jogo, o empate em 0 a 0 no Serra Dourada merece
ser até comemorado pelos rubro-negros cariocas. Um detalhe chama
atenção: foi o terceiro jogo seguido sem gol do Flamengo (perdeu para o
Coritiba por 2 a 0 e empatou com o Figueirense em 0 a 0).
Na próxima rodada, o Flamengo enfrenta o Inter, às 17h, em Macaé. Um
confronto direto na luta pela vaga na Libertadores, já que os dois times
estão com 57 pontos. O Atlético-GO pega o Grêmio, no mesmo horário, no
Olímpico.
Dragão ousado, Fla sonolento
Um time engessado, lento e carente. Carente do talento de Ronaldinho,
marcado bem de perto por Bida e pouco inspirado. Carente do brilho de
Thiago Neves, que teve Pituca quase que o tempo todo no cangote. Uma
equipe sonolenta, de alternativas limitadas e padrão de jogo pouco
funcional. O Flamengo sabia que tinha de jogar bem, nem que fosse na
marra, e a torcida goiana deu um empurrão. Era visitante, jogava de
branco, mas tinha maioria rubro-negra na arquibancada. O Serra Dourada
encheu para tentar ajudar a equipe de Vanderlei Luxemburgo a reagir na
competição. Mas a torcida viu pouco na etapa inicial.
Foi um primeiro tempo de troca de papéis. Quem briga pela Libertadores
abusou dos toques para o lado, da passividade. O Atlético-GO, que tem
como primeiro objetivo ficar na Série A, ousou. Criou duas boas chances
antes dos dez minutos com Marcão, que assustou o goleiro Felipe. Hélio
dos Anjos armou duas linhas de quatro para defender e viu seu time
entrar na área adversária com facilidade. Uma das investidas, com Thiago
Feltri, também levou perigo.
Na falta de inspiração, o Flamengo encontrou nos chutes de longe sua
saída de emergência. Renato parou no goleiro Márcio, Thiago Neves errou o
alvo, e Deivid chegou a acertar a rede, só que pelo lado de fora.
Antes, Luxa tinha perdido Airton, aos 25. Após receber falta por trás de
Marcão, ele torceu o joelho esquerdo e não conseguiu voltar. Muralha o
substituiu.
A torcida que exalta também cobra. Assim como no Engenhão, no empate
sem gols com o Figueirense, gritos de “queremos raça” foram ouvidos no
Serra Dourada. Para encerrar os primeiros 45 minutos, mais inversão de
valores. Bida jogou como Ronaldinho deveria jogar. O volante marcador,
que também veste a 10, chapelou o astro da Gávea com categoria de
craque.
Cenário não muda na etapa final
Luxemburgo não mudou nenhuma peça do Flamengo na volta do intervalo. A
postura apática permanceu intacta. Jogadas: zero. Disposição: zero. O
domínio continuava com o Atlético, que investiu em jogadas pelas
laterais e procurou usar a presença de área de Marcão. Numa das
tentativas, aos 15, o camisa 9 se antecipou a Alex Silva para receber
passe de Juninho e foi atingido pelo goleiro Felipe na canela esquerda. A
chuteira deixou marcas na perna do jogador, mas o árbitro Paulo César
de Oliveira ignorou o pênalti. Pouco antes, um torcedor invadiu o campo e
teve de ser retirado por policiais.
Luxa decidiu lançar Thomás e tirar Deivid. Os gritos de “burro” da
última quinta-feira se repetiram. O garoto entrou para jogar do lado
esquerdo de ataque, com R10 centralizado e Thiago Neves pela direita,
mas quase não tocou na bola. Thiago e Ronaldinho se revezavam na área
como atacantes, só que a falta de criatividade prevalecia.
Hélio dos Anjos renovou o ataque, e Juninho deu lugar a Felipe. Na
pressão, o Dragão quase abriu o placar, aos 23. Felipe, goleiro do Fla,
errou na saída de bola e a entregou para o xará. O cruzamento rasteiro,
pela esquerda, chegou no pé direito de Marcão na pequena área, mas o
desvio foi para fora.
Diego Maurício, que sequer ficara no banco na rodada passada, ganhou
uma chance. Ele substituiu Thiago Neves, que novamente fez uma partida
ruim. Drogbinha deu velocidade ao ataque com boa movimentação e levou
perigo em duas investidas. Numa delas, aos 31, invadiu a área pelo lado
esquerdo, tentou driblar o goleiro Márcio e caiu. O árbitro mandou
seguir e levou jogadores reservas e integrantes da comissão técnica do
Flamengo à loucura.
O Fla cresceu nos 15 minutos finais, o jogo ficou franco, mas as duas
equipes abusaram dos erros de passe. Faltava sempre aquele cuidado final
na hora de decidir. A torcida que encheu o Serra Dourada direcionou as
críticas para a área técnica do clube carioca. Aos gritos de “Fora
Luxemburgo!”, os rubro-negros protestaram. Eo time saiu de campo com a
sensação de que o fim de ano se desenha cada vez mais perigoso.
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